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Como o comportamento do investidor muda em anos eleitorais

Como o comportamento do investidor muda em anos eleitorais

25/05/2025 - 13:53
Matheus Moraes
Como o comportamento do investidor muda em anos eleitorais

Nos períodos eleitorais, os mercados financeiros ganham contornos de incerteza e oportunidade.

Cada eleição mobiliza desde grandes fundos institucionais até pequenos investidores, todos buscando navegar no turbilhão de notícias, expectativas e reviravoltas políticas.

Perfil do investidor brasileiro

O Raio X do Investidor Brasileiro de 2024 revelou um universo heterogêneo: desde veteranos com mais de uma década de experiência até recém-chegados buscando seu primeiro aporte.

Dados da CVM indicam que 38,3% dos investidores têm mais de 10 anos de jornada, enquanto 33,98% estão no mercado há 1 a 5 anos; o restante é composto por perfis mais jovens, ainda aprendendo a lidar com volatilidade.

Em todas as faixas, a maioria acompanha aplicações por meio de aplicativos e plataformas online, um reflexo da digitalização acelerada.

Volatilidade e retornos históricos

Embora o senso comum associe anos eleitorais a picos de volatilidade, estudos mostram que o Ibovespa não foge tanto à sua média histórica.

No entanto, retornos negativos nos 12 meses que antecedem as eleições costumam dar lugar a um rally moderado após o pleito, conforme expectativas se ajustam às medidas anunciadas pelo novo governo.

Sentimento do mercado

Decisões judiciais, pesquisas de intenção de voto e debates inflam opiniões e, consequentemente, os preços dos ativos.

Um estudo de sentimento via redes sociais mostrou oscilações emocionais intensas nos meses pré-eleitorais, com picos de pessimismo em impasses e de otimismo após definições de segundo turno.

A empolgação ou o receio manifestados online refletem-se diretamente no volume e na volatilidade, formando um ciclo de expectativa autossustentada.

Fluxo de capital e volume negociado

Em torno dos momentos-chave da eleição, como pesquisas de intenção de voto e comícios decisivos, observa-se aumento no volume negociado.

Muitos investidores preferem movimentações defensivas e blindagem de patrimônio, migrando parte da carteira para renda fixa ou dólar.

  • Renda fixa: busca por menor volatilidade e juros reais positivos.
  • Dolarização: proteção cambial em períodos de instabilidade.
  • Hedge via opções: seguro contra grandes oscilações.

Estratégias de proteção e diversificação

Em anos eleitorais, carteiras mais diversificadas são a tônica entre perfis conservadores e moderados.

Alguns investidores adotam proteções via derivativos, enquanto outros alocam parte dos recursos em fundos de inflação ou setores menos sensíveis a políticas públicas.

O índice IVol-BR, termômetro do medo no mercado nacional, costuma subir quando há incerteza sobre propostas fiscais e reformas estruturais.

Fundamentos econômicos e decisão racional

Planos de governo em temas como política monetária, tributária e infraestrutura norteiam avaliações de longo prazo.

Investidores experientes ajustam exposições à medida que se definem cenários fiscais, enquanto novatos podem se deixar levar por ruídos do noticiário político.

Uma abordagem fundamentada, com análise de balanços e indicadores macro, ajuda a separar especulação de valor real.

Aspectos psicológicos e comunicação de risco

O medo e a euforia, amplificados por boatos e fake news, elevam a importância da educação financeira.

Comunicar riscos de forma clara, explicando cenários de alta e queda, fortalece a confiança e reduz decisões tomadas por impulso.

Investidores que mantêm disciplina e revisitam metas de longo prazo tendem a atravessar períodos eleitorais com menor impacto emocional.

Lições históricas e exemplos práticos

Na eleição de 2018, por exemplo, a impugnação de candidaturas gerou picos de volume e reversões abruptas no Ibovespa.

Pouco depois, o chamado "rally pós-eleitoral" refletiu a expectativa de reformas econômicas, mas o viés de médio prazo acabou dependendo das primeiras medidas do governo.

Aprender com ciclos anteriores é fundamental para calibrar expectativas e não ser pego de surpresa.

Dicas práticas para o investidor

Em meio ao turbilhão político, mantenha a cabeça fria e siga passos estruturados:

  • Reavalie sua tolerância a risco antes de reduzir ou ampliar posições.
  • Busque informação em fontes confiáveis e diversifique leituras, incluindo relatórios e análises independentes.
  • Estabeleça limites de perda e ganhos para evitar decisões emocionais.

Cada eleição traz desafios únicos, mas também oportunidades para quem consegue enxergar além do ruído e manter uma estratégia clara.

Conclusão

Os anos eleitorais testam a resiliência emocional e intelectual do investidor. Eles lembram que o mercado financeiro é, acima de tudo, um espaço de eterna adaptação.

Ao aliar visão de longo prazo, educação financeira sólida e ferramentas de proteção, é possível transformar momentos de incerteza em oportunidades de crescimento.

Assim, cada caderno de votos não só escolhe um novo governo, mas também convida cada investidor a celebrar a aprendizagem e a persistir na construção de um futuro financeiro mais seguro.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes