Imagine plantar uma semente hoje e colher frutos abundantes em anos futuros. No campo das decisões econômicas, jurídicas e de políticas públicas, esse ciclo do plantio e da colheita se repete de forma incisiva. Cada diretriz aprovada, cada julgamento concluído e cada investimento planejado reverberam no longo prazo, moldando a prosperidade social e econômica do Brasil.
Na agricultura, o sucesso depende do preparo do solo e do cuidado com as mudas. De forma análoga, as escolhas legislativas e judiciais requerem planejamento e antecipação de riscos para produzir resultados desejáveis. Sem um diagnóstico preciso e uma estratégia bem formulada, decisões mal embasadas podem gerar perdas irreparáveis.
Um exemplo cotidiano é o processo de formulação orçamentária. Ao alinhar receitas e despesas, evita-se o endividamento desnecessário e garante-se a continuidade de políticas públicas. O respeito às etapas de debate entre os poderes e a observância dos prazos legais compõem o adubo que preserva a fertilidade institucional.
Em 2024, o Supremo Tribunal Federal proferiu julgamentos que terão impacto pleno somente em 2025. A definição sobre o vínculo trabalhista de motoristas e entregadores de aplicativos promete redefinir direitos e responsabilidades, afetando milhares de trabalhadores e o modelo de atuação de empresas como Uber e iFood.
Ao mesmo tempo, decisões relativas à terceirização e pejotização vêm enfraquecendo direitos historicamente garantidos. Sindicatos e movimentos sindicais intensificam a mobilização, exigindo escolhas que preservem condições dignas de trabalho. Esse embate ilustra como decisões mal planejadas podem gerar retrocessos cujas consequências se estendem por gerações.
Esses exemplos evidenciam que, quando há estudo prévio e diálogo entre setores, as decisões geram benefícios para empresas e sociedade. Por outro lado, medidas tomadas sem consulta ou embasamento técnico podem paralisar mercados e minar a confiança dos investidores.
Os dados não mentem: decisões acertadas no passado constroem bases sólidas para o futuro. No setor energético, o Brasil já liderava em 2008 com 46% da matriz proveniente de fontes renováveis, enquanto a média mundial era de apenas 12,9% e a dos países da OCDE, 6,7%.
Esses números resultam de políticas públicas, incentivos fiscais e regulações que favoreceram investimentos em energia renovável. O retorno econômico e ambiental reforça a importância de decisões de longo prazo, consistentes e alinhadas ao interesse coletivo.
O histórico legislativo brasileiro traz exemplos de êxitos e fracassos. A criação de zonas de processamento de exportação (ZPEs) incentivou a indústria nacional e gerou empregos, mas, em alguns casos, faltou fiscalização adequada, resultando em isenções abusivas e desequilíbrios regionais.
Por outro lado, a falta de revisão de leis trabalhistas ao longo do tempo permitiu a expansão indiscriminada da pejotização, transferindo riscos e reduzindo direitos. Esses casos ressaltam como o aprendizado contínuo fortalece a governança e evita perdas futuras.
Ao incorporar essas práticas, torna-se possível colher frutos mais robustos no futuro, seja no crescimento econômico, na geração de empregos ou na qualidade de vida da população.
Em um país marcado por desafios fiscais, sociais e tecnológicos, boas decisões hoje rendem frutos amanhã. O sucesso depende da combinação de planejamento estratégico, análise de dados e diálogo construtivo entre poderes e sociedade. Se entendermos que cada escolha é uma semente para o amanhã, estaremos mais preparados para construir um Brasil mais próspero, justo e sustentável.
Referências