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A volta dos IPOs e o que isso significa para o investidor

A volta dos IPOs e o que isso significa para o investidor

07/07/2025 - 10:05
Matheus Moraes
A volta dos IPOs e o que isso significa para o investidor

Em meio a cenários de incerteza e oportunidades emergentes, o mercado de ofertas públicas iniciais (IPOs) no Brasil mostra sinais claros de renascimento. Com base em padrões históricos, fatores macroeconômicos e tendências inovadoras, este artigo explora por que 2025 pode marcar o início de um novo ciclo de IPOs e como você, investidor, pode se preparar para navegar nesse ambiente.

O ciclo dos IPOs no Brasil: boom, crise e hiato

Entre 2020 e 2021, o Brasil viveu um verdadeiro boom de ofertas públicas, impulsionado por taxas de juros em patamares mínimos (2% em 2020 e 9,25% em 2021). Nesse período, 74 empresas abriram capital, atraindo investidores em busca de diversificação e melhores retornos em renda variável.

No entanto, a partir de setembro de 2021, o cenário mudou drasticamente. Com a Selic alcançando 13% em 2025, alta inflação e incertezas fiscais, as empresas postergaram lançamentos e os investidores afastaram-se das janelas de subscrição.

Além disso, mais de 80% das companhias estreantes entre 2020 e 2021 registraram queda relevante no preço das ações após o IPO, minando a confiança do mercado. Esse hiato de quase quatro anos sem novas ofertas tradicionais criou um ambiente de cautela, tanto para emissores quanto para investidores.

Fatores que impulsionam a retomada em 2025

Apesar do prolongado período de inatividade, vários elementos sinalizam uma possível retomada das aberturas de capital em 2025:

  • Queda gradual da taxa Selic: Com a redução para 10,5% em maio de 2024, o crédito se torna mais acessível e o apetite ao risco, maior.
  • Estabilidade macroeconômica e reformas fiscais: Uma agenda de ajuste fiscal e avanços constitucionais trazem previsibilidade ao ambiente de negócios.
  • Interesse de investidores estrangeiros: A expectativa de cortes de juros nos EUA atrai capital para mercados emergentes, como o brasileiro.

Em 2024, mais de 60 empresas já protocolaram pedidos de IPO junto à CVM, formando a maior fila desde 2021. Esse movimento sugere que, mesmo antes de 2025, o mercado busca retomar o fôlego.

Setores com maior potencial de abertura de capital

Nem todos os segmentos terão a mesma força na próxima onda de IPOs. Os setores com maior propensão a aproveitar esse momento são:

  • Construção civil e infraestrutura: apoiados em projetos de habitação, concessões rodoviárias e demanda reprimida por serviços.
  • Varejo e consumo: empresas físicas e digitais em expansão, buscando recursos para modernização e logística.
  • Tecnologia e software: plataformas digitais e serviços em nuvem desejam capturar capital para acelerar inovações.
  • Agronegócio e alimentos: beneficiados por câmbio favorável e crescimento da demanda global por commodities.

O fenômeno dos IPOs reversos

Diante dos custos e da complexidade de um IPO tradicional, o mercado brasileiro intensificou o uso do chamado "IPO reverso". Nesse mecanismo, uma empresa fechada adquire o controle de uma companhia já listada com baixa liquidez, permitindo:

  • Entrada mais rápida na bolsa: evita o período em que ficar sem negociação poderia prejudicar o valuation.
  • Redução de custos regulatórios: diminui despesas com roadshow, auditorias e processos jurídicos.
  • Visibilidade imediata: mantém o fluxo de negociação, atraindo investidores desde o primeiro dia.

Exemplos recentes, como Fictor Alimentos via Atompar e Reag com GetNinjas, confirmam tendência que deve se consolidar em 2025.

Resumo dos principais indicadores

Para visualizar rapidamente o cenário numérico que embasa essa análise, apresentamos a seguir uma tabela resumo:

O que o investidor deve considerar

Com o mercado prestes a reativar as janelas de subscrição, o investidor deve adotar postura analítica e estratégica. Considere as seguintes práticas:

  • Análise criteriosa das demonstrações financeiras: avalie balanços, fluxos de caixa e nível de endividamento.
  • Perfil de volatilidade e risco: prepare-se para oscilações significativas no preço das ações após o IPO.
  • Avaliação da governança corporativa: priorize empresas com conselho ativo e práticas transparentes.

Além disso, é fundamental definir um limite de exposição: invista apenas o capital que coincida com seu perfil de risco e horizonte de longo prazo.

Perspectivas finais e lições do passado

A volta dos IPOs em 2025 representa uma oportunidade de diversificação e crescimento, especialmente para investidores que souberem balancear entusiasmo e cautela. A história recente ensina que a euforia pode gerar expectativas irreais e perdas abruptas.

Por outro lado, uma abordagem baseada em pesquisa rigorosa e acompanhamento constante do cenário macroeconômico pode resultar em ganhos expressivos. Portanto, mantenha o foco em empresas com sólido histórico de resultados e modelos de negócio escaláveis.

Em resumo, a possível retomada das ofertas públicas iniciais traz desafios e possibilidades únicas. Aproveitar esse momento exige preparo, disciplina e visão de longo prazo. Com o ambiente mais favorável e mecanismos alternativos, como os IPOs reversos, o investidor brasileiro tem à disposição ferramentas para construir uma carteira mais diversificada e alinhada às tendências globais.

Esteja pronto para abraçar o próximo ciclo de IPOs, sempre pautado por atenção ao cenário macroeconômico e compromisso com uma gestão de risco inteligente.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes